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Cecilia Meireles 1901 - 1964. RETRATO







RETRATO

Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

A minha face?



Yo no tenía esta rostro de hoy

Tan tranquilo, tan triste, tan delgado,

Ni estos ojos tan vacíos,

Ni el labio amargo.


Yo no tenía estas manos sin fuerza,

Tan paradas, y frías y muertas;

Yo no tenía este corazón

Que ni se muestra.


Yo no noté este cambio,

Tan simple, tan cierto, tan fácil:

- ¿En qué espejo se quedó perdido

mi rostro?




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